• Menu
  • Lycoris
  • Category
    • Animation
    • Nature
    • People
    • Technology
    • Vogue
    • Other
  • Tools
    • CSS
    • jQuery
    • Cookies
    • Wicked
  • Menu
    • CSS
    • jQuery
    • Cookies
    • Wicked
  • Sub Menu
    • CSS
    • jQuery
    • Cookies
    • Wicked

CZARABOX

[ WORDS on IMAGES. ]

TIR Jorge Rodrigues sobre Deleuze

Jorge Rodrigues sobre Deleuze

Sobre o excerto do Texto de Gilles Deleuze, “Logique du Sens”, “Platon et le Simulacre”, de 1969 ou Imagem vs Caos


Deleuze lança ao leitor uma perspectiva nietszschiana, a da “reversão do platonismo” como mote para discussão da preconizada tarefa futura da Filosofia: a abolição do mundo das essências e do mundo das aparências.Tal desafio apresenta, se encarado em termos conceptuais e por isso abstractos, a sua própria morte, pelo punhal de Platão, já que se edifica à sua sombra. É proposta então uma lógica de desmantelamento não pela afirmação de uma concepção, mas pelo aniquilamento, encurralamento da outra, à semelhança do método socrático perante o sofista. Deste modo, é posta em causa toda a teoria das Ideias como mecanismo de filtragem, sob a ameaça de modelo e simulacro serem semelhantes.Primeiramente, há que analisar o método de divisão platónico, já que é neste momento que todo o platonismo se manifesta: constituído por uma dialéctica única, que funde a potência dialéctica com uma outra potência que legitima o englobar de um sistema. Assim, a dicotomização de espécies estipuladas permite encontrar a espécie ideal, processo complexificado através do reconhecimento de linhagens que tornam a atribuição de contrários como Bem e Mal, puro e impuro, viável, servindo-se abundantemente da metáfora, mecanismo de divisão que afunila a reflexão até a uma prova final entre rivais, amphisbetesis, não por uma enumeração prolixa das espécies, mas por um desbravamento em profundidade das linhagens focadas, até discernir o falso do verdadeiro.A utilização do mito e da alegoria aparenta uma fuga dialéctica, um contornar da questão, quando na verdade se revelam armas nesta desconstrução, de modo a “reunir em si a potência dialéctica e a potência mítica”, num esforço de criação de fundamento, uma batuta normativa, de que é exemplo a circulação de almas na obra Fedro. Tal concepção permite-nos decalcar uma tríade: fundamento (pai), objecto da pretensão (filha) e pretendente (noivo); imparticipável, participado e participante. Tomemos por exemplo: a Justiça (Essência, pai, fundamento) atribui a qualidade de Justo (filha, pretensão) aos que a reclama, que nela participam (noivo, pretendente). A hierarquia é fixa e apenas no papel de noivo, pretendente, há espaço para uma atribuição de graus, desde o que pretende a qualidade como ela é até aquele que almeja uma miragem da qualidade, degenerando até ao que saliva pelo simulacro deturpado em toda a sua potência e encarna o falso pretendente em todo o seu esplendor.Em Sofista, Platão não dispõe de nenhum mito fundador que instaure uma qualquer definição do real e do verdadeiro noivo, aplicando um método de divisão “negativo”, já que em vez de estabelecer um fundamento que autentifique os verdadeiros, ocupa-se da própria natureza do simulacro e os que nele habitam, surgindo neste encurralar “a mais extraordinária aventura do platonismo”, o indagar sobre a própria natureza da cópia, modelo e fundamento: o próprio Sócrates profere, em conversação com o Sofista, as palavras que revelam as fragilidades do platonismo, Platão indica inesperada e perturbadoramente as suas próprias feridas.A hierarquia platónica dogmatiza os binómios Inteligível/Sensível e Ideia/Imagem em prol de um discernimento entre dois tipos de Imagem: as cópias, pretendentes legítimos devido a uma visão e procura da qualidade assemelhada à Essência, e os simulacros, que pervertem a qualidade. Às primeiras imagens-ídolos, as cópias-ícones, está destinado um reconhecimento e elevação, num mundo em que as essências se tornam apreensíveis e do qual provém todo o homem. As segundas não têm a mesma sorte: sobre elas recairá a condenação interminável, uma ostracização que previne a sua insinuação e disseminação. O critério é a semelhança pretendente/fundamento, por via da pretensão, é a dimensão da qualidade pretendida enquanto semelhante à Ideia e a forma como esta é molde para a construção interior e espiritual do sujeito.Os simulacros são assim fruto de uma não-semelhança e consequente desequilíbrio interno, gerando uma cópia degradada, não possuidora da qualidade em segundo lugar (já que o primeiro é, irrevogavelmente, do pai, a Ideia). O Catecismo consuma esta noção através da transformação operada no Homem, de cópia a simulacro, através do pecado, contribuindo para a demonização do último e condenando o Homem a ser que experiencia apenas simulacro, condenado a almejar um modelo deturpado ou simplesmente inexistente, mas passível de ser salvo, aspirar a ser mais que simulação, vivendo a vida segundo a cópia que o Cristianismo estabeleceu como melhor representante da qualidade e deste modo alcançar a Ideia e o paraíso, a unificação.Tomemos a trindade platónica: usuário, produtor e imitador, enfatizando-se a capacidade de o primeiro efectuar juízos por possuir um saber real; o segundo ser bem-amado pelo primeiro através da produção de cópias segundo os ditames da essência e o terceiro, o imitador, como embuído de um sentido pejorativo derivado da simulação da qual ele mesmo faz parte, por não conhecer um verdadeiro saber e opinião, enclausurado num simulacro que o ilude e do qual deve ser salvo, salvação essa prometida pela Filosofia que Platão planifica e o Cristianismo adapta às suas exigências especulativas.A compossibilidade de Leibniz propõe uma sistematização de pontos convergentes que se expandem e criam novos pontos, numa infinidade de mundos, acabando, contudo, por admitir a existência de um desses mundos como mais bem fundado, onde mais pontos convergirão, condenando a tentativa de reversão do platonismo ao fracasso. Procedimento semelhante teve Hegel em relação à dialéctica.A estética assume-se paradoxal: dita, por um lado, a hegemonia do sensível e, por outro, a primazia da reflexão como experimentação do real. A polissemia que caracteriza a Arte Moderna reflecte esta possível dimensão igual, simétrica, entre o divergente e o convergente, entre a heterogeneidade e unicidade, ou mesmo o domínio da primeira em relação à segunda, a vitória do Caos sobre a Ordem, do simulacro sobre a cópia, por uma complexificação do Real que o torna injustificável e descentrado ou simplesmente nunca existente. É o reino do Sinal-Signo como veículo de comunicação neste Caos. Esta visão de que só as diferenças se parecem assenta numa concepção do mundo em que a disparidade se assume como o fundamento, aniquilando a visão de que só o que se parece difere, esta unitária, levando ao negar da cópia e à coroação do simulacro e a diferença como referência e medida. Nada resiste, pois tudo é fantasma, nada é hierarquizável, tudo é falso pretendente, num Pseudos infindável em que a anarquia é a única justificação e o mote é o explorar das cavernas por ausência de superfície. Cai por terra, deste modo, todo o pai, filha e noivo, fundamento, pretensão e pretendente, juntando Sócrates e Platão à matança e levando consigo toda a concepção da Imagem e Representação sob a qual se edificou a sociedade Ocidental. Esta é, na Modernidade, a mais titânica das batalhas.
DoxDoxDox
Add Comment
TIR
quarta-feira, 1 de abril de 2009
  • Share
  • Share

Related Posts

Newer Older Home

Label

ABEL GANCE ADRIAN MARTIN AKASAKA DAISUKE ALAIN BERGALA ALAIN RESNAIS ALBERT SERRA ALEXANDER MEDVEDKINE ALEXIS TIOSECO ANA MARIZ ANDRÉ BAZIN ANDRÉA PICARD ANDY RECTOR ANITA LEANDRO ANNE MARIE STRETTER ANNE PHILIP ANTOINE THIRION ANTÓNIO CÃMARA ANTÓNIO CAMPOS ANTÓNIO GUERREIRO ARIANE GAUDEAUX ARTAVAZD PELECHIAN BARRETT HODSON BERTRAND TAVERNIER BILL KROHN BOB DYLAN BUÑUEL CAHIERS DU CINEMA CARLOS MELO FERREIRA CARLOSS JAMES CHAMBERLIN CECIL B. DEMILLE CHAPLIN CHRIS MARKER CHRISTA FULLER CHRISTIAN BRAAD THOMSEN CHRISTIAN JUNGEN CHRISTIAN KEATHLEY CLAIRE DENIS COTTAFAVI CRAIG KELLER CYRIL NEYRAT D. H. LAWRENCE DAMIEN HIRST DANIEL FAIRFAX DANIEL KASMAN DANIEL REIFFERSCHEID DANIELE HUILLET DANIELLE HUILLET DARIO ARGENTO DAVE KEHR DAVID BONNEVILLE DAVID BORDWELL DAVID FOSTER WALLACE DAVID LYNCH DAVID PHELPS DAVID STERRITT DAVID YON DELEUZE DIOGO VAZ PINTO DOMINIQUE PAINI DONALD FOREMAN DREYER EDGAR MORIN EGIL TORNQVIST EMILIANO AQUINO EMILIE BICKERTON EMMA GOLDMAN EMMANUEL SIETY ERIC ROHMER F. J. OSSANG FERGUS DALY FILMOLOGIA FILOSOFIA FOTOGRAFIA FRANCIS BACON FREDERIC JAMESON GALEYEV GEORGE LUCAS GEORGE ORWELL GEORGES BATAILLE GÉRARD LEBLANC GINA TELAROLI GIORGIO AGAMBEN GIUSEPPE BERTOLUCCI GLAUBER ROCHA GUIONISMO GUS VAN SANT GUY DEBORD HAL HARTLEY HANNAH ARENDT HARUN FAROCKI HAWKS HENRI BEHAR HENRI-DAVID THOREAU HERVÉ LE ROUX HIROSHI TESHIGAHARA HITCHCOCK HOLDERLIN HONG SANG-SOO HOWARD HAWKS IMAGENS CONTEMPORANEAS INGMAR BERGMAN IRMGARD EMMELHAINZ ISAAC JULIEN J.R.JONES JACQUES AUMONT JACQUES LOURCELLES JACQUES RIVETTE JACQUES ROZIER JAMES QUANDT JARON LANIER JEAN EPSTEIN JEAN NARBONI JEAN PIERRE GORIN JEAN RENOIR JEAN-BAPTISTE THORET JEAN-CLAUDE GUIGUET JEAN-CLAUDE ROSSEAU JEAN-CLAUDE ROUSSEAU JEAN-JACQUES BIRGÉ JEAN-LOUIS COMOLLI JEAN-LUC GODARD JEAN-MARC LALANNE JEAN-MARIE STRAUB JEAN-PIERRE GORIN JIM JARMUSCH JOAN DIDION JOANA RODRIGUES JOÃO BÉNARD DA COSTA JOÃO BOTELHO JOÃO CÉSAR MONTEIRO JOÃO MÁRIO GRILO JOÃO SOUSA CARDOSO JOHAN VAN DER KEUKEN JOHN CARPENTER JOHN CASSAVETES JOHN FORD JOHN WAYNE jonas mekas JONATHAN ROSENBAUM JORGE SILVA MELO JOSÉ ARROYO JOSÉ BARATA MOURA JOSÉ BRAGANÇA DE MIRANDA JOSE GIL JOSÉ OLIVEIRA JOSEPH CAMPBELL KARL MARX KATHERYN BIGELOW KIMBERLY LINDBERGS KING VIDOR KOJI WAKAMATSU LAURENT CHOLLET LÉONCE PERRET LEOS CARAX LIKLOS JANSCÓ LOUIS SKORECKI LUC MOULLET LUIS MENDONÇA LUIS MIGUEL OLIVEIRA LUIZ CARLOS OLIVEIRA JR LUIZ SOARES JÚNIOR MALICK MALTE HAGENER MANNY FARBER MANOEL DE OLIVEIRA MANUEL MOZOS MANUEL S. FONSECA MANUELA PENAFRIA MARGUERITE DURAS MARIA FILOMENA MOLDER MARIO BAVA MÁRIO FERNANDES MARQUÊS DE SADE MARTIN BUBER MARTIN HEIDEGGER MASAO ADACHI MELISSA GREGG MICHEL DELAHAYE MICHEL MOURLET MICHELANGELO ANTONIONI MIGUEL DOMINGUES MIGUEL MARIAS MINNELLI MURIEL DREYFUS NANCY COKER NEVILLE ROWLEY NEWSREEL NICHOLAS RAY NICK DRAKE NICOLE BRENEZ NIKA BOHINC NOAM CHOMSKY NOBUHIRO SUWA OLIVIER PIERRE ORSON WELLES PATRICE BLOUIN PATRICE ROLLET PAULO ROCHA PECKINPAH PEDRO COSTA PEDRO EIRAS PEDRO SUSSEKIND PETER BOGDANOVICH PETER BRUNETTE PETER NESTLER PHILIPPE GARREL PHILIPPE GRANDRIEUX PIER PAOLO PASOLINI PIERRE CLEMENTI PIERRE CRETON PIERRE LÉON PIERRE-MARIE GOULET RAINER MARIA RILKE RAINER W. FASSBINDER RAQUEL SCHEFER RAUL BRANDÃO RAYMOND BELLOUR REVISTA LUMIÉRE RICHARD BRODY RITA AZEVEDO GOMES RITA BENIS RIVETTE ROBERT ALDRICH ROBERT KRAMER ROBERTO ACIOLI DE OLIVEIRA ROBERTO CHIESI ROGER CORMAN ROMAIN LECLER ROSSELLINI RYSZARD DABEK SACHA GUITRY SALLY SHAFTO SAMUEL FULLER SATYAJIT RAY SCOTT MACDONALD SERGE DANEY SÉRGIO DIAS BRANCO SHERMAN ALEXIE SHIGEHIKO HASUMI SHYAMALAN SIEGFRIED KRACAUER SIMON HARTOG SLAVOJ ZIZEK SOFIA TONICHER STARWARS STÉPHANE BOUQUET STEVE PERSALL STEVEN SPIELBERG STRAUB=HUILLET SUSAN SONTAG SYLVAIN GEORGE SYLVIE PIERRE TAG GALLAGHER TED FENDT TERESA VILLAVERDE TERRENCE MALICK THE JEONJU DIGITAL PROJECT 2011 THOM ANDERSEN THOMAS HARLAN TIR TROTSKY TRUFFAUT UMBERTO ECO VASCO CÂMARA VERTOV VINCENT MINELLI WALTER BENJAMIN WARREN BUCKLAND WERNER SCHROETER WOODY ALLEN ZANZIBAR FILMS
Com tecnologia do Blogger.

Pesquisar neste blogue

Browse by Date

  • ►  2023 (4)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  outubro (3)
  • ►  2021 (1)
    • ►  maio (1)
  • ►  2020 (2)
    • ►  maio (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2019 (2)
    • ►  abril (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2018 (7)
    • ►  novembro (2)
    • ►  fevereiro (2)
    • ►  janeiro (3)
  • ►  2017 (9)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  novembro (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (3)
  • ►  2016 (3)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  outubro (1)
    • ►  agosto (1)
  • ►  2015 (12)
    • ►  outubro (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (4)
    • ►  janeiro (3)
  • ►  2014 (7)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (1)
    • ►  setembro (1)
    • ►  julho (3)
    • ►  maio (1)
  • ►  2013 (21)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (12)
  • ►  2012 (53)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (7)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (2)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (9)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (11)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2011 (57)
    • ►  dezembro (6)
    • ►  novembro (1)
    • ►  setembro (5)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (7)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (11)
    • ►  fevereiro (10)
    • ►  janeiro (5)
  • ►  2010 (71)
    • ►  dezembro (11)
    • ►  novembro (16)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (9)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (9)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (4)
    • ►  fevereiro (7)
  • ▼  2009 (40)
    • ►  dezembro (6)
    • ►  novembro (10)
    • ►  outubro (1)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (7)
    • ▼  abril (6)
      • WALTER BENJAMIN
      • CHRISTOFER SHIELDS
      • AS TRÊS CORES DE KIESLOWSKI
      • DENIS LEVY
      • A imagem intolerável (Jacques Rancière)
      • Jorge Rodrigues sobre Deleuze
    • ►  março (5)

Contribuidores

  • DoxDoxDox
  • DoxDoxDox

copyright © 2017 CZARABOX All Right Reserved . Created by Idntheme . Powered by Blogger